O texto que se segue (e a caricatura associada) é da responsabilidade do Miguel Salazar, um colaborador do Paixão Vitoriana que nos tem brindado com muitos e brilhantes desenhos.
“Aliás, em matéria de comunicação, os clubes devem virar-se cada vez mais para estes espaços (blogues), onde a intermediação com os adeptos deixa de ser jornalística e passa a ser directa. No dia em que for director de comunicação de um clube, é o que farei, estabelecendo laços entre as duas partes. Há muita complementaridade entre a forma como um clube deve comunicar com os seus adeptos e a forma como os adeptos se devem relacionar no apoio a esse clube.” José Marinho, 21 Fevereiro 2008
Senhor José Marinho,
Isto da interacção parece que não está a resultar muito bem…
O problema não é que alguém duvide da bondade ou da honestidade das suas intenções.
O problema é que nós, por cá, continuamos à espera de ver resultados do seu trabalho, ou que pelo menos de o ver partilhar connosco essas suas ideias.
Prometeu “intermediação directa” com os adeptos, prometeu estabelecer “laços entre as duas partes”, mas até à data, já com mais de um mês no exercício das suas funções, ainda não se lhe conhecem as tão propaladas ideias.
A única interacção que lhe conhecemos consistiu na argumentação da sua defesa (que era legítima) e em muitas, muitas promessas.
Objectivamente, até agora… nada!
Foi prometendo num e noutro blogue que partilharia as suas ideias com este e aquele interlocutor, se os mesmos lhe demonstrassem interesse nisso. Fê-lo com uma arrogância inadmissível, e por isso a sua proposta não teve, ao que sei, nenhum sucesso.
De qualquer modo, acredito que esse nunca seria o caminho. O que nós queremos de si é que o senhor partilhe as suas ideias com a massa associativa, não com um ou dois privilegiados, que o senhor escolhe, sabe-se lá com que critério.
As promessas que nos fez sobre a melhoria do sítio do Vitória, pareceram dar frutos logo nos primeiros dias, mas rapidamente estagnaram. Mais grave ainda, foi o facto do sítio ter estado inacessível durante quase uma semana.
O que me surpreende é que, passado que já está quase um mês e meio, o senhor ainda não nos tenha dito ou mostrado o que quer que seja.
Pedir-nos algum tempo para avaliar o seu trabalho seria razoável, mas acreditar que a massa associativa lhe concederia um ano de estado de graça… é ser realmente muito optimista, não acha?
Claro que dispor desse tempo seria extremamente confortável para si, mas estará o senhor mesmo convencido que o seu estado de graça poderia durar essa eternidade?
Desengane-se, senhor director.
Para mim, como para muitos outros, esse tempo está-se a esgotar rapidamente.
Está na hora “de acabar de vez com o ciclo preparatório”.
O “grande ciclo” espera por nós!
Nós queremos acreditar em si, porque o seu sucesso será o nosso benefício, mas de palavras e promessas estamos nós fartos.
É legítimo que nos peça mais algum tempo, mas para isso tem de nos ir mostrando algum serviço, muito mais do que aquele que lhe conhecemos até agora.
Vamos lá senhor director, nós estamos à espera.
Diga-nos qualquer coisa!... Interaja, homem de Deus!
Saudações Vitorianas,
Miguel Salazar
Post scriptum1. Já sei que não consegue despir a sua camisola, e ninguém lho exige.
Aquilo que temos o direito de exigir (e exigimos mesmo!) é que, enquanto vestir a nossa, mantenha a outra muito bem escondida, longe dos nossos olhos.
2. Registei com agrado a mensagem de José Mourinho no sítio do Vitória. Foi uma intervenção oportuna e de grande visibilidade. Devo por isso reconhecer-lhe, a si senhor director, o mérito de o ter feito. Mas ainda é apenas uma gota no oceano.
* D’après José Marinho
2 remate(s):
Muito bem, Miguel!
Eu não alteraria uma palavra, uma única vírgula sequer.
Vamos ver é se consegue levar a sua carta a Garcia… digo, a Marinho.
Era muito importante que ele a lesse, sobre ela ponderasse, e principalmente que pelo nosso clube (inter)agisse.
Nem tanto que a ela respondesse.
Queremos que prometa menos e (inter)aja mais.
Queremos que seja coerente!
Conforme diz o autor desta carta, o êxito de josé Marinho será o nosso êxito.
Por isso, e apesar de achar esta carta brilhante, não posso deixar de dizer que a ansiedade pode ser perniciosa.