Paixão Vitoriana
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Cair... mas com dignidade

Colocado por WhiteShadow a 3 de outubro de 2008

Uma imensa montanha-russa de emoções no jogo de ontem à noite... À partida, a nossa tarefa era muito complicada. Depois de uma derrota por 2-0 fora de portas, tínhamos de marcar e quase de certeza não sofrer, pois um único golo deles implicaria que teríamos de marcar 4. Fui para o jogo com esperança clara, com o coração aos saltos, mas com a mente a dizer que as probabilidades estavam contra nós e que tudo o que viesse a mais de um bom jogo nosso era "lucro". Pensava eu que seria muito complicado não sofrer golos do excelente contra-ataque que demonstraram no Fratton Park e que a nossa equipa não conseguiria pressionar desde o início. Como estava enganado...

O 11 inicial supreendeu-me. Desagradou-me a saída do Carlitos para a entrada do Wênio (em relação ao jogo da Trofa) mas o jogo provou-me que estava errado. Wênio melhorou e muito e está agora um jogador muito batalhador e foi importante na imensa pressão com que começamos o jogo. A primeira parte foi aliás brilhante da nossa parte. Sem jogar um futebol espetacular, sufocamos o Portsmouth e pressionamos em zonas bem avançadas do terreno. O modelo de jogo favoreceu os jogadores em campo e as oportunidades começaram a surgir perante um nervoso Portsmouth.

Aos 16' Douglas ameaça, aos 18' Danilo fica muito perto do golo num canto e aos 19', após novo canto, surge Douglas, à matador, a fazer o primeiro sem hipóteses para David James. Um golo que o Vitória já merecia e que relançava o jogo.

Continuamos com o pé no acelerador e a pressionar alto, criando oportunidades. Aos 23' excelente remate de longe de Wênio e aos 32', na marcação de um livre, João Alves faz o segundo golo vitoriano, levando ao delírio o estádio. Estava feito o empate da eliminatória e a partir daqui tudo podia acontecer.

Aos 36' chega o primeiro remate do Portsmouth, mas o Vitória continuava a dominar mas não conseguimos marcar novamente antes dos 45'. E depois do intervalo tudo mudou... Fruto de uma preparação física "à portuguesa" (não estamos habituados a jogar sempre 2 jogos por semana em alto ritmo) e da intensa pressão exercida, a equipa do Vitória (como um todo) pareceu "rebentar" fisicamente logo no início da segunda parte. Disso se aproveitou o Portsmouth para dominar o jogo, mas de forma algo inconsequente.

Carlitos entra em campo aos 62' para dar frescura às alas vitorianas, mas para nosso azar tem de sair logo depois aos 75' por lesão, entrando o (sempre) desinspirado Jean Coral. Aos 78', Cajuda esgota as substituições, fazendo entrar Fajardo para o lugar do desgastado Luciano, recuando Desmarets para lateral-esquerdo, perante o perigo que a rapidez de Glen Johnson proporcionava. Por esta altura vários jogadores do vitória em campo apresentavam claros sinais de debilidade física, mas estoicamente aguentamos até ao 90'.

Veio o prolongamento e com ele pareceu vir uma alma renovada, nos minutos que decidiram o jogo. Aos 100' o árbitro perdoa incrivelmente uma expulsão a Diarra nas suas barbas, numa clara agressão a Andrézinho que todo o estádio viu. Aos 102' o Vitória quase marca por João Alves, na defesa da noite de David James. E aos 104' um grande balde de água fria. Glen Johnson ganha em velocidade a Desmarets, vai à linha e faz um balão para o segundo poste onde parece o gigante Crouch a saltar mais alto que... Andrézinho, fazendo o 2-1 e matando o jogo. Delírio para os milhares de ingleses que até então estavam calados.

As forças já eram poucas e no nosso "desespero" Crouch ainda voltou a marcar aos 110', fixando o resultado final num injusto 2-2. Estava fechada mais uma noite europeia onde o "David" Vitória enfrentou o "Golias" Portsmouth (orçamento mais de 10x vezes superior ao nosso) olhos nos olhos e mereceu mais sorte.

Caímos, mas com muita dignidade e no final os adeptos despediram-se da equipa com uma (mais que) merecida ovação. Perdemos o jogo, mas ganhamos uma equipa. Esperemos agora que a componente física não pese demasiado e que na segunda-feira possamos sair do estigma das "vitória morais" para carimbar 3 pontos frente ao Braga. O Vitória, os jogadores e os adeptos bem o merecem!

Aconteça o que Acontecer, Somos Vitória Até Morrer!

1 remate(s):

Anônimo disse...

Dizes bem Pedro, ganhámos uma equipa, e se calhar a equipa ganhou a confiança (que não tinha) dos adeptos.

Se tudo isso acontecer, pelo menos por isso, esta eliminatória valeu a pena.

De resto, mais uma grande jornada de futebol, contra uma equipa inglesa.

Contrariamente a todos os esteriótipos que marcam os ingleses de hooligans, turbulentos e arruaceiros, as nossas experiências com equipas inglesas têm sido excelentes, marcando um grande convívio, e acima de tudo, desportivismo.
Também por isso a eliminatória valeu a pena.

CM