Paixão Vitoriana
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Dar tiros no pé…

Colocado por WhiteShadow a 4 de dezembro de 2008

Aqui fica mais uma contribuição do Miguel Salazar (caricatura) e do José Rialto (texto), com a enorme qualidade a que já nos habituaram.


Uma verdade insofismável é a de que o futebol actualmente praticado pelo Vitória está a anos-luz do praticado na época passada.

Um dos motivos mais evidentes para este facto foi a saída de quatro jogadores titulares. Destes, apenas um terá sido bem substituído (Mrdakovic por Douglas).

Então, e a substituição desadequada dos outros três justificará por si só tamanha quebra de rendimento?
Eu julgo que não justifica tudo!
Julgo que existem contingências atenuantes (lesões e castigos) e erros do treinador.
Esta época o plantel tem sido assolado implacavelmente, mais do que por uma onda, por um verdadeiro “tsunami” de lesões, que ainda não permitiu a Cajuda a estabilização da equipa. A época passada houve apenas uma, gravíssima (a de Danilo), mas que até permitiu o aparecimento daquele que veio a ser a revelação do ano – Sereno.
Por outro lado, a intranquilidade da equipa, e o seu pior desempenho, acarretam inexoravelmente uma maior quantidade de castigos. É sempre assim!
Depois, temos os erros do treinador que, não tendo ajudado, também não têm a gravidade suficiente para justificar o estado actual das coisas.
E, apesar de tudo, Cajuda ainda vai tendo algum capital de confiança por tudo o que fez no passado.
Aquilo que eu mais censuro ao nosso treinador é a falta de franqueza com a massa associativa, é o ter traído a nossa confiança para defender a Direcção e ser cúmplice dos seus erros.

Mas apesar de haver algumas atenuantes, não deixa de ser clara a deficiente preparação desta época. E qual foi (é) o papel da Direcção no meio de tudo isto?
Voltando ao início, porque é que aqueles três jogadores que saíram não foram devidamente substituídos?
No início da época, os jogadores que estavam previstos vir para o Vitória, emprestados pelo FCPorto, eram o João Paulo (para substituir Geromel), o Luís Aguiar (para substituir Ghilas) e o Alan (para dar continuidade a si próprio).
A terem acontecido estas aquisições, o plantel teria sido devidamente reforçado, a que acresceria ainda a maior qualidade do ponta-de-lança entretanto contratado.
Eu discordo profundamente desta política de empréstimos mas, para efeitos de análise, era com isto que Cajuda contava, e por isso estava confiante e não se preocupava.
Nestas condições, as restantes contratações que foram efectuadas serviriam essencialmente para reforçar o banco que também estava deficitário.
Mas depois surgiram os tiros no pé, por parte da Direcção.
(e agora eu sei que vou ser polémico, mas esta sempre foi a minha posição)
O primeiro tiro foi dado quando quiseram ganhar na secretaria aquilo que não se conseguiu ganhar em campo – o acesso directo à Liga dos Campeões.
Deveriam ter-se preocupado mais com as aquisições e menos com a secretaria.
O FCPorto tinha demonstrado claramente durante toda a época que era melhor do que todos os outros.
Aquilo que o Benfica levava à UEFA e ao TAS, eram irregularidades de há não sei quantos anos, que nada tinham a ver com a época passada e que, portanto, não deveriam levar à exclusão do FCPorto.
Não nos deviam ter metido nessa confusão porque simplesmente não era correcto.
Não tem nada a ver com subserviências a este ou aquele, tem apenas a ver com princípios. Só teremos moral para criticar os outros se mantivermos os nossos princípios, e dessa forma conseguirmos ser melhores do que eles.
Mas, se os princípios não os preocupavam, pelo menos deveriam ter tido o sentido estratégico suficiente para perceber que a posição que o Vitória tomou, não reforçava em nada o peso que tinha a do Benfica na UEFA.
Se o FCPorto tivesse que ser castigado, isso aconteceria sempre independentemente da posição que o Vitória pudesse tomar. 
Louve-se no entanto a postura de então, ao não se esconderem atrás do Benfica, mas não deixa de ser uma verticalidade muito enviesada. 
Obviamente, as retaliações não se fizeram esperar por parte do FCPorto (deploráveis e indignas), acabando por lançar por terra todo a planificação da pré-época, com a agravante de terem surgido numa altura em que as alternativas já não eram muitas.
Foi errado pela falta de princípios, e foi errado pela falta de sentido estratégico.
O segundo tiro no pé, foi o famigerado protocolo com o Benfica, em que se hipoteca todo o trabalho da formação, condicionando o clube quer em termos económicos, quer em termos de constituição futura do seu plantel.
Em “compensação”, fomos “reforçados” com dois jogadores que passam mais tempo lesionados do que a jogar e que, no pouco que têm jogado, têm jogado muito pouco. 
E mais o que por aí virá, em Dezembro…
Fantástico! De uma só penada, hipotecaram-nos o presente e o futuro.
Dois tiros num só pé! Foi esse o papel da Direcção em tudo isto.

Embora Manuel Cajuda tenha cometido alguns erros, estou convicto de que não é com a sua saída que se resolvem os nossos problemas.
Não é altura de se darem mais tiros no pé!
Não se podem voltar a cometer os mesmos erros desse passado recente.
Deverá aproveitar-se a reabertura do mercado para fazer aquilo que já deveria ter sido feito há 4 meses – reforçar adequadamente o plantel.
Parem de dar tiros nos pés… nos nossos pés!

José Rialto

8 remate(s):

Anônimo disse...

Não há vírgulas nem pontos a acrescentar. Está tudo dito.

Vimaranes disse...

Discordo claramente, relativamente ao comportamento que o Vitória deveria ter tido em relação ao FC Porto. O Vitória não fez mais nem menos do que qualquer clube faria na sua situação, tendo até obrigação de o fazer porque em causa estava a verdade desportiva e a defesa intransigente dos seus interesses desportivos. A direcção é mandatada para defender esses mesmo interesses (pese embora nem sempre o faça), e neste caso não tinha outro caminho, na minha opinião e só lamento mesmo ter havido uma viragem no discurso, porque a posição a meio e no final do jogo, deveria ter sido a posição assumida desde o início do caso.

No restante, concordância em absoluto.

José Rialto disse...

Caro Vimaranes,
Quando escrevi este artigo, tinha a consciência de que iria ser controverso.
Sei também que no universo vitoriano (aquele que me interessa) muita gente concordará consigo e, quiçá, muito pouca comigo.
Respeito obviamente as opiniões diversas da minha, mas não poderia deixar de dar conta dela quando pretendo analisar seriamente o trabalho da Direcção.
Não tenho a pretensão de o tentar convencer desse ponto de vista, tanto mais que o tenho por uma pessoa esclarecida e convicta das suas opiniões.
Mas entendo que a verdade desportiva é que o FCPorto foi claramente a melhor equipa da época passada, período durante o qual não lhe foi apontada qualquer manipulação (ou tentativa sequer) dessa mesma verdade, e por isso continuarei a afirmar que, na minha opinião, não seria correcto que lhe fosse vedado o acesso à Liga dos Campeões esta época.
Não tenho dúvidas que a Direcção defendeu intransigentemente os interesses desportivos do Vitória. O que eu ponho em causa é se esses interesses decorreram de uma postura moralmente aceitável ou não.
Eu entendo que não!
Mas, meu caro Vimaranes, esta é apenas a minha opinião…

Anônimo disse...

www.mentalidadegmr.blogspot.com

Divulga, comenta, participa.

VITÓRIA ATÉ MORRER

Pedro Cunha disse...

Inteiramente de acordo com o Carlos (Vimaranes). O Vitória, neste caso do TAS, fez aquilo que devia e para o qual estava "obrigado", de modo a defender de forma intransigente os interesses do Vitória.

Vimaranes disse...

E naturalmente que as opiniões diferentes se respeitam, mesmo que neste caso sejam absolutamente contrárias. São apenas maneiras diferentes de ver o nosso Vitória, mas com um denominador comum. Todos queremos o melhor para ele.
Abraço!

Anônimo disse...

Grande caricatura.
Gostei do símbolo do chapéu.
Aquilo diz muito, mas eu, confesso, sei pouco. Há muito nevoeiro à volta do Vitória e Vitoriano sofre.

José Rialto disse...

Pois é, todos nós sabemos pouco, muito pouco.
Tem tudo a ver com a bendita transparência...