Mais de 25000 espectadores viram ontem o sonho bonito da champions e do 2º lugar ficarem adiados. Num jogo atípico, o resultado final, quanto a mim, não espelha minimamente o que se passou no relvado, mas o que conta são os golos, e aí, a verdade indesmentível é que perdemos 3-1.
Antes do jogo começar, o ambiente era fenomenal. Estádio muito próximo de cheio, com a esmagadora maioria a ser vitoriana. Coreografias bonitas (de que falarei noutro post), bandeiras do Vitória no campo (boa iniciativa da direcção) e tudo preparado para mostrar um autêntico inferno branco.
O início de jogo não podia ter sido pior para o Vitória. Entrou nervoso (não soube lidar com a pressão?), o Benfica consegui mais um pouco de posse de bola, sem criar nenhum perigo e eis que Rui Costa, no seu estilo habitual, atira-se para o chão aos 7' em posição perigosa. Falta mal assinalada, e uma fiquei logo com uma estranha intuição de que iria dar golo (nos lances mal assinalados, costumamos ter sempre "galo). E assim foi, Cardozo, que nunca tinha marcado um golo de livre esta época, faz um estupendo remate. Na sequência dos festejos, os adeptos benfiquistas lançam várias tochas para o relvado, ficando uma delas nas redes da baliza de Quim e queimando um pouco de rede, abriu um buraco na baliza. O jogo teve de ser interrompido para a necessária recuperação. Tudo isto, quanto a mim, modificou radicalmente o caracter do jogo. Dificilmente o Benfica podia esperar melhor começo, com golo e quebra do ritmo de jogo.
O Vitória, infelizmente, acusou o toque e não se encontrou. Apesar de ter mais posse de bola, muitos passes errados não permitiram criar grande perigo. Fajardo ainda teve um bom lance, mas numa outra jogada, aos 27', Andrezinho desiste do lance pensando que a bola vai fora, Di Maria vai buscá-la, consegue fintar o nosso lateral e entrar na área e depois, com a defesa descompensada (Cardoso levou os dois centrais consigo) aparece Maxi Pereira, que só teve de encostar. Balde água fria para nós, começo de sonho para o Benfica, que sem criar perigo, já lograra 2 golos. Eficácia total.
Na primeira parte não existiram mais nenhuns lances de perigo, tirando um bom remate de Milan, bem defendido por Quim. Na segunda parte Cajuda lança Ghilas e Carlitos, e o jogo muda de cariz, muito graças à tradicional garra e combatitividade do argelino. O Vitória pressiona, o Benfica acantona-se cá atrás, apenas bombeando bolas. Tantas vezes o cântaro foi à fonte que acabou por partir, pois aos 60', finalmente o Vitória marca, por intermédio de Ghilas.
O estádio estava ao rubro, Roberto entra em campo por troca com Luciano (toda a carne no assador, como diria Quinito) e o Vitória ainda tem 10' de grande pressão. Momento do jogo aos 74'. Numa perca de bola do Benfica, o Vitória consegue uma situação de 4-2, mas Ghilas primeiro e Andrezinho depois não conseguem concretizar. Não mais o Vitória voltou a conseguir uma situação como essa. Cajuda, preocupado com o meio-campo, avançou novamente Desmarets, trocando Andrezinho de flanco e subindo Carlitos. O Vitória perdeu fulgor, o Benfica conseguiu um pouco mais de posse de bola e mesmo a terminar (já nos descontos), um toque cruel de mais injustiça no resultado. Nilson alivia mal uma bola, que bate em Cardozo e este finaliza com a baliza deserta. Pareceu que usou as mãos para conseguir para a bola, mas não foi por este lance que o Benfica ganhou. Apenas trouxe números ainda mais enganadores. E o jogo terminava logo a seguir.
Que dizer? O Vitória infelizmente acusou a pressão. Não conseguiu ser um espelho de si próprio e desperdiçou 45' antes de pelo menos mostrar um pouco do que sabe fazer. E quando o fez, já nao foi suficiente para virar o resultado contra um autocarro "estacionado" à frente da baliza (se fosse uma equipa pequena a ter feito isto, imagino o que diria a imprensa sobre o anti-jogo). Podíamos e deviamos ter feito mais, mas o Benfica certamente não mereceu de maneira nenhuma sair de Guimarães com este resultado. O Vitória teve 60% de posse de bola, 17 remates contra 6 do Benfica, teve mais cantos, mas a frieza cruel da única estatística que interessa, os golos, dita que perdemos. Ganhou a equipa mais eficaz.
Agora há que levantar a cabeça e pensar no próximo jogo. A verdade é que se nota uma grande inconstância a nível de resultados desportivos nos jogos mais recentes (à imagem da diferença entre as nossas duas partes neste jogo). Os últimos jogos do Vitória (para o campeonato) têm sido sempre a alternar entre vitória e derrota. Perdemos no Bessa, ganhamos à Académica, perdemos no Dragão, ganhamos ao Belenenses, perdemos no Estrela, ganhamos em Setúbal e agora perdemos com o Benfica. Portanto, agora há que ganhar ao Leixões, mas depois inverter a tendência, indo ganhar fora (ao Nacional).
Eu continuo a acreditar nesta equipa, à qual não podemos obviamente exigir o segundo lugar. Temos de pensar jogo a jogo, dar o nosso melhor, e no final fazer as contas.
Aconteça o que acontecer, somos Vitória Até Morrer!